Projeto

PROJETO DE SITE PEDAGÓGICO DE AUTOAPRENDIZAGEM

INTRODUÇÃO

O século XIX foi decisivo na história do Brasil, de Colônia o país passou a sede do Império Português, experimentou um importante desenvolvimento cultural e um avanço na autonomia política e econômica, e por fim chegou ao processo de independência.

Sobre esse período destaca-se a importância da Missão Artística Francesa como testemunha dessa história. A Missão Artística engloba a vinda de artistas franceses, de orientação neoclássica, para o Brasil a convite do então Rei de Portugal, D. João VI para desenvolver a arte na nova sede da Coroa Portuguesa.

Sendo assim se faz necessário compreender melhor esse período da história brasileira e também da história da arte. Para tanto propõe-se o presente site como instrumento de autoaprendizagem sobre a História do Brasil, da Colônia ao Império, através da análise das obras dos artistas que pertenceram à Missão Artística Francesa.

As análises serão realizadas em videoaulas, através de charges, imagens das obras produzidas na época e textos de apoio.

TEMA PROBLEMA

Título: Observatório HistoriArte: História do Brasil, da Colônia ao Império, sob a ótica das Artes Visuais do século XIX.

Problema: Como ensinar e aprender história do Brasil do século XIX a partir da arte e no ambiente digital/internet?

OBJETIVOS

Geral:

- Promover a autoaprendizagem em história, especificamente história do Brasil do século XIX, através da análise artística. 

Específicos:

- Conhecer o cotidiano do Brasil do século XIX, os artistas viajantes que retrataram o Brasil no século XIX e suas obras;

- Analisar as obras produzidas nesse período, no Brasil, por artistas franceses, identificando nelas vestígios desse cotidiano e os avanços culturais e artísticos advindos do período joanino e da Missão Artística Francesa no Brasil;

- Compreender como esses aspectos influenciaram no processo de Independência do Brasil e consequente formação do Império.

JUSTIFICATIVA

A história é a memória de um povo, uma nação, conhecer e preservar essa memória é papel de todo cidadão. Nesse contexto a Arte auxilia a contar a história, atuando ao mesmo tempo como testemunha e vestígio da história. O debate sobre a arte como documento histórico enriquece o trabalho do historiador, pois amplia as possibilidades de interpretação e análise histórica.

Tendo em vista a importância histórica do século XIX para o Brasil, conhecer, observar e analisar esse período da história brasileira se faz pertinente para a compreensão da formação da identidade brasileira, pois os acontecimentos desse século influenciaram decisivamente no processo de emancipação da então colônia.

Dentro do conjunto dessas transformações encontra-se a vinda dos artistas franceses para compor a Missão Artística Francesa, que realizaram um importante retrato daquela sociedade, que aos poucos se transformava de uma sociedade colonial em uma sociedade imperial.

Fazer as análises das obras dos artistas da Missão e dos viajantes, como Debret e Taunay, por exemplo, dentro de um ambiente virtual, como um site pedagógico, se faz necessário para ampliar as possibilidades de alcance dessas análises bem como também de oportunidade de novas análises, pois atingiria não só os alunos em idade escolar como qualquer indivíduo, independente da idade, que tenha interesse pelo tema.

Sendo assim, a construção do presente site de autoaprendizagem é importante por ofertar conteúdo científico no ambiente virtual, relacionado especificamente à história do Brasil, proporcionando aos estudantes um recurso de pesquisa científica coerente com a linguagem digital na qual eles estão inseridos, o que o torna significativo no processo de ensino aprendizagem em História.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No processo de ensino aprendizagem busca-se a formação crítica e reflexiva dos alunos. Dessa forma é preciso observar na prática docente cotidiana o papel de cada área do conhecimento nessa construção e como as diversas áreas do conhecimento se alinham e se encontram.

No que diz respeito ao ensino de Artes, os Parâmetros Curriculares Nacionais propõe que esse ensino deve se basear na apropriação, pelos alunos de saberes culturais e estéticos, que são fundamentais para a formação social e cidadã.

Um dos caminhos viáveis é a parceria entre a Arte e outras disciplinas através de projetos que valorizem a capacidade da Arte de levar o indivíduo a manifestar significados e se comunicar sobre o mundo e a cultura.

A articulação da História com outras disciplinas é importante na percepção da participação do indivíduo nos processos históricos bem como no entendimento amplo da História envolvida com a formação cultural. Nesse contexto, torna-se necessário observar novos sujeitos na construção histórica, através de novas fontes e meios de pesquisa como obras de arte, as imagens e os filmes.

Segundo Fonseca (2009), o uso de diferentes linguagens e fontes no estudo de História tem sido debatido nas últimas décadas como meio alternativo ao uso exclusivo do livro didático, essas novas linguagens e fontes abrangem o uso de imagens, obras de ficção, artigos de jornais, filmes e programas de TV, e mais atualmente a internet, demonstrando a ampliação documental e temática da História, o que amplia o olhar do historiador e o campo de estudo, tornando o processo de transmissão e produção do conhecimento interdisciplinar e dinâmico.

O encontro entre as Artes Visuais e a História acontece, pois a leitura de imagens é um dos pontos primordiais do ensino de Artes visuais ao mesmo tempo em que o uso dessas imagens constitui importante objeto de estudo da História.

Quando se propõe esse trabalho interdisciplinar entre História e Arte percebe-se o potencial dos espaços virtuais e dos sites de autoaprendizagem como espaços capazes de proporcionar o desenvolvimento crítico do conhecimento histórico e a apreciação crítica da arte.

Essa apreciação artística como embasamento do debate histórico é orientado pela Abordagem Triangular proposta pela Ana Mae Barbosa, na qual segundo Cunha (2012), o ensino de arte ocorre por meio da relação entre contextualização, leitura e produção artística. De acordo com Tourinho (2012) a arte tem a força de provocar deslocamentos perceptivos, epistemológicos e interpretativos, o que associado ao estudo histórico pode servir como método para análise e compreensão do passado.

Para essa experiência de trabalho interdisciplinar entre História e Arte o período selecionado para análise foi o Brasil do século XIX. Esse período é importante na história do país, pois é quando ocorre a transferência da sede da Coroa Portuguesa para o Brasil (1808). Esse fato político promoveu profundas transformações sociais, econômicas e culturais na colônia.

Os motivos que levaram à essa transferência estão relacionados às questões econômicas de Portugal, que nesse período tinha como principal parceiro comercial a Inglaterra, e suas relações internacionais no contexto do Império Napoleônico.

Em 1806 o então imperador francês decretou o Bloqueio Continental, uma tentativa de enfraquecer a Inglaterra, até então sua principal inimiga, de acordo com esse bloqueio os países da Europa deveriam romper suas relações comerciais com a Inglaterra.

Nesse contexto, Portugal enfrentaria dois problemas, romper com seu principal parceiro comercial, a Inglaterra, ou correr o risco de ser invadido pela França.

Diante dos crescentes perigos que ameaçavam a Coroa portuguesa na Europa, começou a ser aventada a hipótese de o governo português instalar a sede o Império no Brasil. Entre as principais preocupações, estava a de garantir a Portugal a manutenção da posse de terras brasileiras.Finalmente, em outubro de 1807, D. João decidiu colocar em prática o plano de transferir toda a corte para sua colônia mais valiosa. Os ingleses passaram a apoiar ativamente o plano, fornecendo uma esquadra própria para proteger a esquadra portuguesa. (MESGRAVIS, 2018. p. 152)

Entre 27 e 28 de novembro a nobreza e os funcionários da coroa portuguesa abandonaram Portugal e os portugueses levando os bens valiosos e os documentos em um embarque apressado que fez com que esse momento da história fosse definido como uma fuga. Nesse momento França e Espanha já haviam combinado dividir Portugal entre si e extinguiram a Casa de Bragança (a Família Real Portuguesa).

Nesse período, D. João VI era príncipe regente de Portugal, ele aportou em Salvador em 22 de janeiro de 1808, o restante da frota aportou no Rio de Janeiro e esperou o príncipe regente chegar em 8 de março de 1808. A primeira medida da Coroa em terras brasileiras foi a "Abertura dos portos às nações amigas", ainda em janeiro de 1808, D. João assinou um decreto finalizando o Pacto Colonial, que tinha regulamentado as relações entre Metrópole e Colônia, através do exclusivo comercial da primeira, desde o início da colonização. Assim os portos brasileiros ficavam abertos à Inglaterra e à outros países.

Outras medidas importantes se seguiram, como: a criação de uma escola de cirurgia em Salvador, para a qual foram nomeados diversos professores, brasileiros e portugueses; a autorização para o funcionamento de uma fábrica de vidros (o que contrariava o alvará de 1785 que proibia indústrias no Brasil); a aprovação da primeira companhia de seguros, chamada Comércio Marítimo, em resposta ao requerimento de homens de negócios locais. (MESGRAVIS, 2018. p. 154)

Essas transformações modificaram a realidade cultural, urbana, econômica e política do Brasil, e afastaram gradativamente e em alguns aspectos a sociedade da época da realidade colonial.

Em 1815 o Brasil foi elevado à condição de Reino e D. João se tornou o rei de Portugal, Brasil e Agarves, esse era o fim oficial do sistema colonial e do monopólio metropolitano. De acordo com Corrêa (2013) promover as artes e a cultura era meta de D. João nesse período, além de tentar infundir algum traço de refinamento e bom gosto nos hábitos coloniais brasileiros.

Na mesma época Napoleão Bonaparte era derrotado na França, levando a uma relativa pacificação da Europa. Em 1816 o conde da Barca iniciou o plano de trazer para o Brasil artistas que trabalhariam no Brasil e ensinaria arte a alunos brasileiros. Esse grupo de artistas franceses foi chamado de "Missão Artística Francesa".

Foi uma missão civilizatória - e, como todas as demais, incompreendida pelos "nativos". Disposto a declarar o Brasil um reino e fazer do Rio uma cidade digna de um rei, D. João VI decidiu trazer ao país um grupo de pintores, escultores, gravadores e arquitetos franceses. A obra deles daria à cidade um verniz de civilização. (BUENO, 2010. p. 150)

No período anterior a arte brasileira estava concentrada nos aspectos religiosos, de acordo com Pereira (2013) esse formato tradicional de arte começou a ser substituído a partir de meados do século XVIII e esse processo seria radicalizado a partir da Missão Artística Francesa.

Além de conferir um aspecto mais civilizado a então capital do Brasil, as obras produzidas pelos artistas da referida missão compõe um retrato social e cultural daquela época. E seus principais artistas foram Joachin Lebreton, Nicolas-Antonie Taunay, Auguste-Marie Tuanay, Grandjean de Montigny, Charles Pradier, Marc e Zéphyrin Ferrez.

De acordo com Treviso (2007) o caso desses artistas franceses ainda é muito discutido e não há um consenso sobre sua origem, a principal questão é se eles teriam vindo ao Brasil a convite da corte ou por iniciativa própria, apesar disso, é inegável que esses viajantes fizeram um vasto registro sobre a fauna, flora, hábitos e costumes do Brasil Colônia e embasam os estudos historiográficos sobre o período. Entre esses viajantes podemos destacar Johann Moritz Rugendas, Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire e Henry Chamberlain.

É dentro dessa perspectiva do olhar dos estudiosos e artistas estrangeiros do século XIX, levando em consideração suas motivações e intenções, que se construirá a narrativa histórica sobre o Brasil do século XIX, evidenciando seu processo de transformação de Colônia em Império, seus personagens, Nativos, Escravos, Corte Portuguesa e Colonos, os hábitos e costumes e as influências estrangeiras nas Artes Visuais, na Arquitetura e nos valores estéticos.

Essa narrativa será construída em ambiente virtual, na forma de site pedagógico de autoaprendizagem, promovendo o debate e apreciação crítica da arte e da história do Brasil pelos usuários da rede. No site serão disponibilizados vídeoaulas, links de sites educativos, textos de apoio, publicações científicas, charges e imagens. 

METODOLOGIA/ PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A proposta metodológica do presente projeto está centrada na oferta da possibilidade de autoaprendizagem em História, mais especificamente História do Brasil no século XIX, suas transformações econômicas, culturais e sociais, em ambiente virtual como um site pedagógico.

O objeto de estudo histórico será a arte do período, principalmente a produção visual dos artistas da Missão Artística Francesa e dos Viajantes.

A autoaprendizagem será realizada através do site pedagógico que disponibilizará videoaulas contextualizando o período histórico e analisando as obras artísticas, ligando história e arte no processo de aprender; além da indicação de textos de apoio, esquemas resumos e artigos científicos. A avaliação da autoaprendizagem será realizada através de questionário aplicado aos usuários do site, pelos comentários realizados ao final das videoaulas e através de fóruns de discussões.

O material disponibilizado no site poderá orientar os estudos de alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, vestibulandos ou pessoas que tenham interesse por aprofundar seus conhecimentos sobre o período histórico mencionado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010.

CORRÊA, Carolina Giacomini. O desenvolvimento cultural, artístico e a moda no Brasil após a chegada da Corte Portuguesa. UFJF, 2013. Disponível em: https://www.ufjf.br/posmoda/files/2013/05/MONOGRAFIA-CAROLINA-GIACOMINI.pdf

CUNHA, Fernanda Pereira. e-Arte/Educação: educação digital crítica. São Paulo: Annablume; Brasília: Capes, 2012

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e Prática de Ensino de História. Campinas: Papirus, 2009. 8 ed.

MESGRAVIS, Laima. História do Brasil colônia. Contexto, São Paulo: 2018.

PEREIRA, Sônia Gomes. Arte no Brasil no século XIX e início do XX. In.: OLIVEIRA, Myriam Andrade Ribeiro de. História da arte no Brasil: textos de síntese. Editora UFRJ, 3.ed. Rio de Janeiro: 2013. pp.65-109.

TOURINHO, Irene. Imagens, pesquisa e educação: Questões éticas, estéticas e metodológicas. In MARTINS, Raimundo; TOURINHO, Irene. (Org.). Cultura das imagens: desafios para a arte e para a educação. Santa Maria: Editora da UFSM, 2012. P. 231-252.

TREVISON, Anderson Ricardo. Debret e a Missão Artística Francesa de 1816: aspectos da constituição da arte acadêmica no Brasil. Revista Plural, nº 14. USP, 2007. pp. 9-32. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/75459/79015




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